quarta-feira, 10 de outubro de 2007

ÍDOLO

Mataram o ídolo. Ficaram todos sem chão. As influencias morreram junto com o destaque midiático, ao passo que as pessoas choravam sem nada dizer umas para as outras. Sendo as crianças e jovens os primeiros a imitar a figura falecida, num primeiro momento, a juventude não conseguiu viver por si só.

Lamentavam pela dor dos parentes, através das imagens de arquivo, quando refletiam solitários sobre a ausência do defunto. Tragédia, desespero. Alguns desmaiaram de tanta emoção na cerimônia lotada do enterro. Como era possível? Ídolos não morrem, ídolos não podem morrer. Mas o mataram alegando amor. Sem assassino, nenhuma suspeita concreta. Que merda!

Juntaram fans, fizeram comunidades novas no Orkut, deram entrevistas “esclarecedoras” acerca de todo o bem que o morimbudo havia feito em vida. Reprisaram programas, mostravam obras inéditas e leiloaram coisas importantes, como a meia suja que o cadáver ficou de lavar antes de sua morte. Tudo isso com o propósito de ressuscitá-lo. Não adiantou.

Dias e mais dias se passaram e a saudade cresceu. As reprises foram substituídas por novos programas e outra obra era lançada, com polêmicas revelações: a biografia do falecido. Sucesso. Virou filme, documentário, artigos. Mais sucesso. Era impressionante e imprevisível o surgimento de coisas aparentemente superficiais que, agora, valiam rios de dinheiro. Talvez o ídolo tenha faturado em vida uma quantia inferior ao que ganha em morte.

Então, depois de saturarem as mentes com informações que não acabavam mais, telespectadores, leitores e ouvintes desligaram a TV, o rádio e não compraram os jornais. Mesmo assim, não tinham forças para esquecê-lo. Todos morreram um pouco por causa da morte dele. A projeção de muita gente havia se desmaterializado. Enquanto isso, o “nada” do ídolo continuava sendo o bastante para virar notícia. Ele merecia. Merecia? Mataram o ídolo, mas esqueceram de matar, também, a idolatria.

36 comentários:

Lúcia Laborda disse...

Pois é Paulo! Isso acontece e muito. Muito se comenta e se fala, na tentativa de perpetuar determinadas pessoas. Muitas vezes, nem tantas coisas fezeram, mas imprensa é assim constrói deuses e da mesma forma consegue levá-los ao anonimato.
Beijos

Anônimo disse...

A mídia constrói e destrói seres inesistêntes mas que o público desejaria serem reais.
Dinheiro... dinheiro e mais dinheiro a custa da criatividade.
Manipulando pessoas que acreditam ser aquilo que não existe porque disseram que ela seria.
Entende?
Valeu a tentativa... rs
Beijos

Anônimo disse...

Pois é
matam os ídolos e deixam a idolatria a solta
mas sas que só existe a idolatria por causa de uma "disfunção" do ser humano? é a parva necessidade de se crer em alguem em termos de fé de crença...
é assim q se fazer
será assim até ao fim... só não sei de quê!

Crónica

Bárbara Lemos disse...

Ih... isso não vão matar nunca! Ela está por aqui desde que éramos menos que pensamentos. É natural do ser humano, procurar ídolos ou espelhos para poderem copiar.

Saudade, menino.

Beijo meu.

Storm disse...

e os meios de comunicação têm a varinha de condão de criar e destruir ídolos... it's all about money ;)
boa semana

Thayssa disse...

a midia faz o que quer com quem nao quer, e principalmente com quem deixa.!
Muito legal o texto.!
=*

Thayssa disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Lúcia Laborda disse...

Oie Paulo, passei pra lhe ver, deixar beijinhos com votos de uma boa semana!

Teresa disse...

o problema da mídia é esse.
a gente assiste e ouve os ídolos que eles nos apontam.
por isso muitas vezes a gente até esquece os ídolos que eles apagam...

não temos o direito de escolher quem vai e quem fica.

uma pena...

bjo
=*

A Jana e o Ti disse...

A mídia, sempre a mídia... Por exemplo, o Paulo Autran. A jornalista começa com:

"...adeus ao nosso ATOR MAIOR"

Desfia essa reza por dois dias. Só que eu aposto que quando se forem Lima Duarte, Tarcísio Meira, Juca de Oliveira e outros o discurso será o mesmo... talvez o MAIOR seja trocado por um sinônimo...

Abraços!

Mariana Lima disse...

olá paulo. sou da banda Fofoca Erudita e vc deixou um comentário por lá, no blog... então vim te conferir.

gostei do texto, e depois lerei todo o resto...

mas, diga-me, como achou a Fofoca??

té mais.

Mariana Lima disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rafeiro Perfumado disse...

Não mataram nada, o gaijo ainda está vivo, que ainda no passado Domingo eu o vi a comprar cigarros! Foi só uma artimanha para aumentar a popularidade! ;)

Jaya Magalhães disse...

Oi Paulo,

Vim aqui olhar e agradecer pelo comentário lá no blog.

As verdades do seu texto são tão precisas. Me lembrou um trecho de uma música música de Zeca Baleiro, "Minha casa":

"É mais fácil cultuar os mortos que os vivos..."

Triste é observar que é assim mesmo que acontece.

E a mídia faz o que quer. Bens tão valiosos sendo ditados por mãos erradas, não sempre, mas demasiadamente.

Abraços!
=*

Van disse...

Querido,
obrigada pelos comentários deliciosos lá no VAN Filosofia!!!!

Adorei!
Beijuca

Mariliza Silva disse...

O ídolo nasceu antes do ceticismo. O homem não desiste de tê-lo porque senão de quem vai falar, imitar. Tudo para não precisar de falar da própria vida.

beijos
Mariliza

Edna Federico disse...

Sempre acontece isso...temos tantos casos assim!
Beijo

Zana Queiroz disse...

deeemaaaisssssss!!! que intimidade que vc tem com as palavras, me invejo disso, inveja branca...rs bjos meu querido!!!

dän disse...

paulo... o melhor post q eu ja li aqui, parabens!

Lúcia Laborda disse...

Passei por aqui e deixei beijinhos...

Mafê Probst disse...

Idolatria é algo que nunca morre. E é exatamente quando o ídolo se vai que ele se torna mais e mais idolatrado. É assim com Renato Russo, Cazuza e alguns renomados poetas.

Morra para se tornar eterno.

Anônimo disse...

Aham...

Muita gente morre, e continua sendo idolatrada... Acho um exagero isso. Sei lá sabe, tanta gente melhor morrendo por aí e não é lembrada nunca!!!

HAIuHAIA

Quando morrer, quero todo mundo falando em mim. Não que eu pretenda morrer, mas...

Abraços

Anônimo disse...

Bom, ótimo.

=)

Anônimo disse...

a mídia tem esse poder de "distorcer" a realidade
e nós de acreditar e deixar-se levar por ela

é a vida...
beijo

The Hanged Girl disse...

Adorei o jeito como você escreve!
Você disse tudo!
"Mataram o ídolo, mas esqueceram de matar, também, a idolatria"

Infelizmente vivemos em um mundo onde a tv só serve para alienar as pessoas.

Lúcia Laborda disse...

Passei por aqui e deixei beijinhos...

Blog da Mélica disse...

É uma pena que os ídolos são hj em dia "estrelas" ou "celebridades"!!
Gostei muito do blog e desse post tb! Parabéns!!!
Tenhas uma ótima semana...

Bruno Cazonatti disse...

Idolatria que transforma o ídolo em mito...
Belo texto
Abraço!

Anônimo disse...

Acho que a idolatria, diferentemente do ídolo, é imortal rsrsrsrs.

Vlw pelo comentário no blog!

Bjaum!

Lúcia Laborda disse...

Paulo, passei pra lhe ver e deixei beijinhos...

LuzdeLua disse...

Olá amigo, passando por aqui adorei o teu post. Vão-se o ídolos mas a idolatria...
Beijos

Ly disse...

Tô com sintomas de saudades cadê vc?


bjs

Ly

Vinicius disse...

poxa ... idolos morrem e se vão sim...
nfelizmente...

carol disse...

quando morrer, quero apenas que lembrem dos jogos de sedução que criei, e quero que reguem meu corpo com champanhe.

Anônimo disse...

Uau...
Nossa!!! Historia muito parececida, com tantas outras. Mas, me faz lembrar, bastante o CAZUZA.Idolos...
Muito bem redigido o texto. Como sempre né...
Te amo!!!
Beijocas...

Anônimo disse...

Thanks :)
--
http://www.miriadafilms.ru/ купить кино
для сайта purezadaspalavras.blogspot.com