sábado, 30 de setembro de 2006

Mania de perseguição ou estou sendo dramático?


Entro na sala de aula da faculdade. Tão logo, sento-me no cantão para não atrapalhar os outros que já estavam lá. O professor começa a explicar a matéria, enquanto os alunos anotam em seus cadernos o que acham mais importante. Diante do blá, blá, blá diáro das liçôes de teoria, levo-me a um outro nível de observação. Então, silenciosamente analiso todos ao meu redor. Um, dois, três... 25 alunos. Destes, apenas três são afrodescendentes. Estou sendo dramático?
No mesmo dia, aproveito para passar nas Casas Bahia, olhar alguns preços, enganar meus olhos com farturas materias que ainda não tenho. Vou de um lado para o outro, assim como o resto dos consumidores "normais" fazem. Mas há algo de errado, sinto que estou sendo seguido. Para todo lugar que vou, um segurança vai atrás. Talvez, se eu fizer qualquer movimento brusco, ele parta pra cima de mim, tentando evitar mais um assalto diário criado pelos esteriótipos sociais. Assalto?!? Eu!?? Cheguei a seguinte conclusão: nos dias de hoje, não podemos mais usar touca, bermudão e deixar a barba crescer. Se vc faz isso - além, claro de ser negro ou "quase negro" - as pessoas já te olham de maneira torta, de maneira comparativa.
- Olha só, aquele cara parece um marginal, né?
- É mesmo. Vou manter meus olhos bem abertos.
E na repetição de diálogos como estes, a sociedade acaba por criar uma nova categoria de "bandidos": aqueles que não se adequam aos padrões visuais e étnicos. Estou sendo dramático?
Agora já é outro dia, outro lugar. Para variar, chegarei atrasado nas aulinhas de inglês. Digo a frase que venho repetindo ao longo de dois anos: "Sorry, I´m late". Em seguida, sento-me rapidamente. Às vezes o sono bate, no entanto, mantenho-me firme, acordado. No meio de outra distração, faço novamente o ritual que fiz na faculdade. Um, dois, três... 15 alunos. Destes, apenas três são afrodescendentes. Estou sendo dramático?
É interessante afirmar que algo muito estranho acontece - e não é apenas eu que falo isto. Basta darmos uma passadinha rápida no site do IBGE, para analisarmos as seguintes estatísticas: 12% da população brasileira se considera negra; 35% pardos ou afrodescendentes (Em sua grande maioria, negros que não se consideram negros); 50% brancos; e 2% outras etnias. Então, por que só têm três afrodescentes (ou negros) no meu curso inglês e na faculdade, respectivamente? E olha que eu nem mencionei outras "minorias". De fato, a matemática é uma ciência exata. Porém, numa observação mais profunda deste panorâma, constato que a realidade não entra em acordo com as proporções sociais. Os números podem até ser exatos, mas as pessoas são humanas - e não sabem fazer conta - no sentido mais cruel da palavra.

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Texto sem fim

Descupem-me leitores queridos, mas estou som sono. No meio de tantas luzes, eu só enxergo as cores do silencio deste canto semi-deserto: meu quarto. Vejo um monte de lapsos sinuosos, ao passo que brigo com meus olhos para mantê-los abertos. É difícil.
Ás vezes tento me auto-flajelar para ressussitar as partes que insistem em morrer, pelo menos 6 horas, todos os dias. Quero suportar mais um pouquinho até chegar as linhas definitivas deste texto. A música de James Blunt, faz o meu drama crescer. Parece que, naquelas palavras em inglês, ele me diz: "Paulo, dorme com os anjos". No entanto, eu não quero dormir! Na minha ignorância sonolenta, tento diminuir o volume, pensando que a guerra travada entre mim e o bocejo será menos árdua. Se por acaso eu perder a primeira batalha, amanhã, não saberei como continuar essas...
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