quinta-feira, 25 de maio de 2006

Greve de ética

Homenagem ao nosso excelentíssimo ex governador, Anthony Garotinho.

Greve de fome

Alimento sem sal, inodoro
Não há pança que aguente
Mas tem carne vivca queimando no asfalto
Tem gente que não entende
Fome é estado de espírito
Fome é não ter abrigo
Para o arroz e feijão que não chegam a parte interna do umbigo

"A gente não quer só comida...",
Entretanto, já que não se come
Caga-se ar, merda evaporizada
O cheiro pestia o Brasil de norte a sul
E, no ventre da miséria
A guerra dos famintos- que guerra?!!?!
Vira conflito por um pedaço de terra
Terra pra plantar semente
De árvores invisíveis cultivadas com promessas
De gente que passa fome porque quer
De gente que não sabe o que é
Procurar alimento e não ver nada.
Não é mais necessário ver para crer
O paradaxo é interessante:
O povo tem fome e o governo não quer comer

sábado, 13 de maio de 2006

Fechando os olhos

Acordar todo dia e perceber o mundo à sua volta é um saco, não acha? Tudo bem, você não pensa como eu. Mas um dia pensará - estou profetizando. Faço uma proposta: tente levantar da cama, num dia qualquer, sem abrir os olhos, sem sentir nenhum golpe de luz em sua íris solitária. Tente. Sugestão: amarre uma venda no rosto para facilitar o nosso "joguinho".
Para que tudo funcione conforme o esperado, atue da maneira como você costuma levar a vida, isto é, beba café, escove os dentes, tome banho, faça cocô, xixi, se masturbe - acho que isso você já faz de olhos fechados - e por aí vai. As sensações, por mais que sejam corriqueiras, serão interpretadas de maneira diferente pelo corpo. Você sentirá mais cheiro, sentirá mais paladar, ouvirá mais... é quase que instantâneo. Perde-se a janela da alma, mas ganha-se na ampliação dos cômodos onde residem nossos sentidos.
Aonde quero chegar? Talvez eu queira chegar em lugar algum. Quem deve tentar é você, com sua experiência individual, coletiva, afetiva... eu já tentei e obtive meus resultados. Houve momentos em que a minha vontade de ver o mundo era tão grande que, mesmo com os olhos fechados, eu chorava, com vontade de sair daquela "prisão". Depois de tudo, constatei algo: sou escravo daquilo que vejo, estou a mercê de um único sentido. Já reparou como a flor fica mais cheirosa quando olhamos para ela? O mesmo serve para os alimentos que consumimos ou para as mulheres que "comemos" e que nos "comem". A visão, de certa forma, realça os outros sentidos.
Experimente fazer sexo com a venda, explorando cada parte do corpo do seu parceiro (a), cheirando, apalpando, sugando... existem inúmeras possibilidades. No fim, tire a venda para dormir. Muito provavelmente você continuá sendo o que é, todavia, garanto que o mundo ao seu redor não será mais o mesmo.

Obs: Em caso de crise de abstinência da luz, tire a venda e esqueça tudo. Volte para sua prisão e curta o dia a sua maneira. Não vou lhe criticar por isso... Você nasceu com os olhos, não posso forçá-lo a esquecer disto.

Bom, para compreender as coisas que serão escritas por aqui regularmente, não será necessário que vocês fechem olhos. Pelo contrário: terão que abrí-los além do nível de consciência do senso comum...
Obs2: abrir os olhos não significa mantê-los abertos, porém deixo a decisão com vocês.

Sejam bem vindos!