Dia comum
“Por que aquele monte de gente tá ali?”, pensei quando estava no caminho da faculdade. Seguindo os rastros daquela multidão, cheguei ao que provocava a muvuca: um corpo estendido no asfalto, coberto por sangue, que percorria o rosto inchado e servia como alimento para algumas moscas. Embora apodrecendo ao sol de 35º, o cadáver mantia-se firme, com os olhos abertos. Ainda embriagado com a poça de sangue – que refletia a face do povo curioso -, resolvi perguntar o que acontecera à um transeunte:
- Pô bicho, o que rolou ali? – perguntei.
- Acho que foi um motoboy que tava passando na hora do tiroteio e aí foi confundido com bandido.
- Hum... é foda, né?
- Cê vê. A gente não pode nem trabalhar tranqüilo mais.
Dei uma olhada no relógio – estava atrasado -, pedi desculpas para uma mulher em que eu havia esbarrado e direcionei a minha atenção para o moribundo novamente. Tudo bem, o cara não teve culpa na história, mas, infelizmente, estava no lugar errado e na hora errada.
Num determinado momento, imaginei o que a mãe dele sentiria ao vê-lo jogado, apagado, simplesmente morto. Provavelmente as lágrimas da coroa juntariam-se ao sangue no chão, dobrando, talvez, o volume daquela poça. Quiçá até aconteceriam manifestações envolvendo amigos e familiares do tipo: “Queremos justiça!” ou “Mais um inocente assassinado!”. Porém não dava para ficar pensando mais sobre esse caso. A minha aula já começara, ao passo que eu permanecia ali. Virei-me de costas e, assim como muitos trabalhadores que estavam no local, fui para o meu primeiro destino, assassinando, de vez, a minha curiosidade.
- Pô bicho, o que rolou ali? – perguntei.
- Acho que foi um motoboy que tava passando na hora do tiroteio e aí foi confundido com bandido.
- Hum... é foda, né?
- Cê vê. A gente não pode nem trabalhar tranqüilo mais.
Dei uma olhada no relógio – estava atrasado -, pedi desculpas para uma mulher em que eu havia esbarrado e direcionei a minha atenção para o moribundo novamente. Tudo bem, o cara não teve culpa na história, mas, infelizmente, estava no lugar errado e na hora errada.
Num determinado momento, imaginei o que a mãe dele sentiria ao vê-lo jogado, apagado, simplesmente morto. Provavelmente as lágrimas da coroa juntariam-se ao sangue no chão, dobrando, talvez, o volume daquela poça. Quiçá até aconteceriam manifestações envolvendo amigos e familiares do tipo: “Queremos justiça!” ou “Mais um inocente assassinado!”. Porém não dava para ficar pensando mais sobre esse caso. A minha aula já começara, ao passo que eu permanecia ali. Virei-me de costas e, assim como muitos trabalhadores que estavam no local, fui para o meu primeiro destino, assassinando, de vez, a minha curiosidade.
5 comentários:
Náuseas!
Acabei de ler um artigo de um colunista do jornal O POVO com uma pitada de Paulo Fernando. Mas foi interessante, afinal despertar sensações é a tarefa de quem escreve por prazer.
Acabei de atualizar la. Abraço
Putz... Para que um texto tão complicada?
Para confundi de vez sua amada, com palavras, nunca vista por mim e pela a maioria das pessoas, que aqui passaram...
Mas, como bom jornalista eu admiro o seu texto, que foi inscrito muito bem.
Ja o texto, ele contém a veracidade, da vida de um brasileiro. (isso voce soube retradar muito bem, saiba que sou sua grande fã).
Bjoks...
Já tive momentos assim!
Sei mais ou menos como é esse tipo de experiencia.
Abraços
Sadismo ao olhar!
eh cada vez maior o número de episódios como este por aí. Num ônibus por exemplo, todos se levantam de seus lugares soh para ter o prazer de ver...
ou não. mas tentam. e comentam. e esperam o próximo.
bjo pa tu!
TD BEM QUE POR MAIS QUE ME ESFORCE PARA EVITAR A MINHA MASSA ENCEFÁLICA COLIDE CONSTANTEMENTE COM MINHA MENINGE.ISSO FAZ COM QUE NÃO ENTENDA AS COISAS MUITO BEM. FAZENDO UMA ANÁLISE MUITO- E BOTA MUITO NISSO- SUPERFICIAL VC TEM TALENTO, CARA.
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