Nossa prisão
Solitários nas solitárias urbanas. Comemos, bebemos, assistimos TV, vivemos conectados ao mundo. Por todo canto uma algema, uma corrente invisível., tão flexível que não nos deixa reparar na nossa prisão. “Sorria, você está sendo filmado”. Duas imposições numa mesma oração: sorrir e ser filmado. Não queremos rir - pelo menos não na frente das câmeras, sem antes sermos consultados. E não são bem esses tipos de orações que precisamos.
Voltando à nossa solitária, um pouco maior do que aquelas existentes nos presídios literais, por assim dizer, recorremos as trancas nas portas, ao rádio baixo pra não incomodar o vizinho, aos modernos costumes caseiros em geral. Em nenhum desses casos, há uma verdadeira necessidade de sairmos do nosso pequeno mundo para visitarmos outras solitárias. Poucos têm um plano de fuga.